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Dei início à este blog para falar especialmente de literatura. Falar, na verdade, de arte em geral. Coisas que tanto gosto e com as quais tanto me identifico. O blog não é tão movimentado, mas de vez em quando passo por aqui e deixo uma declaração, um texto, um poema... Não se acanhe. Fique à vontade e deixe um comentário. Cedo ou tarde ele será respondido.

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terça-feira, 26 de agosto de 2008

João do Rio e, A alma encantadora das ruas

João do Rio foi pseudônimo mais constante de João Paulo Emílio Coelho Barreto, escritor e jornalista carioca, que também usou como disfarce os nomes Godofredo de Alencar, José Antônio José, Joe, Claude etc., nada ou quase nada escrevendo e publicando sob seu próprio nome. Nascido no Rio de Janeiro a 05 de agosto de 1881, faleceu repentinamente na mesma cidade a 23 de junho de 1921.

A alma encantadora das ruas
Escrito durante o governo de Rodrigues Alves, Talvez seja o livro mais conhecido de João do Rio. É o seu terceiro livro e foi publicado em 1908. O autor se revelou como alguém que se apropria da psicologia das ruas e o espírito da sua época. As crônicas são carregadas de lembranças decadentes e um olhar deslumbrado diante das transformações urbanas e sociais que se desenham no Rio de Janeiro, onde a vida já não é mais como antes.

O Contexto
Início do século XX – Modernização da cidade, multifacetamento urbano.

“O homem não é qualquer um, mas o que vive no espaço urbano. Numa relação dupla, a sociedade faz a rua e esta faz o indivíduo”.
“Há suor humano na argamassa do seu calçamento.”
“Oh! Sim, a rua faz o indivíduo, nós bem o sentimos.”

As literaturas européias dos séculos XIX e XX foram marcadas pelo desejo de captar e registrar o cenário urbano. A compreensão da cidade moderna, que rapidamente se transformava, pressupunha o entendimento da geografia urbana como inscrições da subjetividade.

Na literatura brasileira do século XX, o espaço é apresentado da forma mais realista possível como importante meio de análise e de conhecimento. O espaço agora priorizado, recebe novo tratamento. Do traçado realista que buscava expressar tem-se, de um lado, a construção de um espaço citadino hiper-real que mais faz do texto literário um texto de reportagem ou uma crônica e, de outro, a estruturação de um espaço em que a geografia urbana, tornando-se cada vez mais ambígua e indefinida, sofre um processo de desespacialização ou desrealização.

Escrever a cidade é lê-la. E essa leitura faz do lugar algo fantasmagórico. O primado do lugar nos cenários pós-modernos, segundo Anthony Giddens, foi destruído em grande parte pelo distanciamento tempo-espaço e pelo desencaixe, característicos das sociedades contemporâneas. Nestas, as estruturas através das quais ele se constitui não são mais organizadas localmente. Em outras palavras, o local e o global tornaram-se inextricavelmente entrelaçados.

Assim, é possível perceber que a cidade se apresenta delineada de modo fragmentário – o que já impossibilita o mapeamento do espaço urbano – até o total descompromisso com o espaço geográfico e cultural: o desaparecimento mesmo da cidade. Desespacializada, indefinida, “a cidade pode ser qualquer cidade ou nenhuma cidade” e onde, em sua maioria, as identidades e afetos encontram-se problematizados.

Na obra de João do Rio, já aparece a essência da identidade carioca: a capacidade de criar soluções de sobrevivência, a paixão pela música, a riqueza do imaginário social, a espontaneidade da mistura cultural que constitui hoje a maior riqueza não apenas do povo carioca, mas de todos os brasileiros.

O autor aborda questões – que normalmente são esquecidas – da sociedade, como os trabalhadores, as cadeias e ladrões, unindo os fragmentos do Rio de Janeiro da época. As crônicas encenam o que mancha o projeto da cidade da virtude civilizada, que a ordem nacional planejou (a cidade ideal); ganham o palco da escrita aspectos da antitética cidade do vício, símbolo e estigma dos males sociais.

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